diabretes

A diabetes é minha ou do meu médico?

Questão complicada para uns, simples para outros.

Pela forma como a pergunta é feita, diria que a resposta é: DE NENHUM!

Pois a diabetes não pertence a ninguém.

Já se a questão for: A MINHA DIABETES É MINHA OU DO MEU MÉDICO?, aí a resposta mudará, e será: DOS DOIS, MAS NÃO COM A MESMA RESPONSABILIDADE.

Considero que é mais minha do que dele.

Afinal sou eu que 24h por dia tomo decisões sobre ela.

Sou eu que arcarei com as consequências de más decisões e/ou más escolhas.

Sou eu que poderei ter de mudar os hábitos alimentares e de vida.

Mas também serei eu a passar ao médico as informações corretas para que ele me ajude.

Portanto, grande parte das decisões são minhas.

Logo é maioritariamente minha.

Mas oiço muitas vezes: “Mas eu não sou médico, cabe a ele decidir por mim. Longe de mim tomar alguma decisão sem o consentimento dele.”

Direi que poderão estar enganadas.

Na prática, de cada vez que fazem o cálculo dos hidratos de carbono, do bólus de insulina, o que pensam estar a fazer, que não seja tomar decisões?

E em que se baseiam estas decisões?

Num plano de tratamento que lhes é passado pelo seu médico, e que é baseado em todo um histórico que elas passam ao médico.

Portanto, de certo modo, a tomada de decisões é partilhada.

Mas com consultas de 3 em 3 meses, os ajustes que vão sendo necessários ao longo deste período devem aguardar uma consulta, devem ser feitos por chamada, correio eletrónico, e aguarda-se a resposta?

É aqui que, para mim, entra a parte da diabetes ser mais minha do que do médico.

Aqui, mas não só, pois quando faço uma refeição de asneira, como pizza, fritos, e sei que algumas horas após os valores sobem sem razão, e assim sendo, decido dar insulina de correcção, ainda os valores não subiram, estou a tomar uma decisão baseada no que sei da MINHA diabetes.

Não acredito que a grande maioria dos médicos arrisque dizer aos seus doentes como agir, pois estas decisões implicam conhecimento da nossa diabetes. Sim, a nossa, pois nem todos reagimos da mesma forma aos alimentos.

Não há uma verdade universal.

Os profissionais de saúde poderão dizer como devemos avaliar a situação e a forma de agir, mas nunca com valores certos, pois isso varia de pessoa para pessoa, e de situação para situação.

Portanto, a MINHA DIABETES, é minha!!!

Cabe a cada um de nós estudar, e pedir ajuda aos profissionais de saúde para que possamos, individualmente, tomar decisões. Para que ajustemos quando é necessário a basal, os rácios.

A diabetes não é exata, isto é, não há um plano de tratamento que dure para sempre, bastam factores como mais stress, menos actividade física, alteração de alimentação,… para que o plano mude.

Perante tanta inconstância, cabe grande parte da mudança do plano a nós.

Claro que para isto temos de ter conhecimentos, conhecimentos que devemos querer adquirir e que devem ser passados pelas equipas médicas.

Um bom controlo da diabetes exige, além de outras coisas, rigor, conhecimento da nossa diabetes, conhecimento sobre diabetes em geral.

Estudem, estudem-se, e tudo será mais fácil de entender, e mais fácil será saber atuar.

Artigo de opinião: Sérgio Louro

Imagem por: Family photo created by gpointstudio – www.freepik.com

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com